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Duas Prisões, Um Desvio de Foco: Bolsonaro, o Banqueiro e a Cortina de Fumaça do Poder.

  • Foto do escritor: Fabio Sanches
    Fabio Sanches
  • 24 de nov.
  • 4 min de leitura
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Os destaques da semana giram em torno de duas prisões:


1. Prisão do Dono do Banco Master


A primeira é a prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro. O Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) determinou a prisão do empresário, executada pela Polícia Federal no âmbito da Operação Compliance Zero.


O Banco Master teria, de acordo com as investigações, emitido carteiras de crédito falsas. No Habeas Corpus (HC), a defesa afirma que não houve transferência efetiva das carteiras para o outro alvo da investigação, o Banco de Brasília (BRB). Ainda de acordo com a defesa, o Master ofereceu garantia no valor de R$ 22 bilhões para proteger a operação.


Além da prisão do dono do Banco, o Master sofreu uma liquidação extrajudicial, decretada pelo Banco Central do Brasil (BC). A justificativa do BC é a existência de "graves violações às normas que regem a atividade das instituições integrantes".


2. Prisão Preventiva de Bolsonaro


A segunda prisão, no entanto, ofusca a primeira e se torna o assunto mais comentado. Foi exatamente a prisão preventiva de Jair Messias Bolsonaro, o ex-presidente, que já estava em regime domiciliar com restrições e uso da tornozeleira eletrônica desde 4 de agosto de 2025.


Moraes pediu a prisão de Bolsonaro após uma vigília capitaneada por Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente. O ministro do STF julgou que a vigília poderia causar tumulto em frente à casa do ex-presidente. Na decisão, ele diz: "A conduta indica a repetição do modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, com o uso de manifestações para obter vantagens pessoais e causar tumulto."


No entendimento do ministro, a proximidade da residência de Bolsonaro da embaixada dos Estados Unidos (cerca de 13 km) também era um indicativo de que ele poderia tentar escapar de uma eventual prisão.


A Ligação entre os Casos


Mas o que têm a ver as duas prisões, já que uma trata-se de um banqueiro e a outra, de um ex-presidente que, inclusive, já está inelegível?


Bom, vamos lá: Bolsonaro, na verdade, é considerado hoje o maior bombeiro do Brasil. Você já percebeu que toda vez que há um escândalo no Governo Federal ou que envolve ministros, e até mesmo grandes rombos em estatais, sempre acontece algo contra Bolsonaro para colocá-lo em evidência?


Bolsonaro é até mais comentado que o próprio Presidente da República, que está há três anos no poder. O nome dele é ventilado sempre que algo pode afetar a confiança da população no atual presidente ou nas instituições.


Dessa vez não é diferente. O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, tem ligação forte com o ministro Lewandowski, a esposa e os filhos do Ministro Alexandre de Moraes, Michel Temer e algumas pessoas ligadas fortemente à cúpula do PT.


Sendo assim, com a prisão de Bolsonaro, ninguém comenta. Não há uma revista, um jornal de expressão ou uma TV que fale a realidade por trás de tudo.


O Ministro Alexandre de Moraes há muito tempo vem violando a Constituição. Isso ficou claro quando Eduardo Tagliaferro, um ex-assistente do ministro durante o período das eleições de 2022, entregou um dossiê chamado "Lava Toga", contando e mostrando com áudios e vídeos o que era designado a fazer por mando de Alexandre de Moraes em um gabinete paralelo criado por ele junto ao TSE.


As provas apresentadas por Eduardo Tagliaferro mostram que eram feitas buscas em perfis sociais de pessoas ligadas à direita e ao conservadorismo para que se encontrasse algo que pudesse ajudar na produção de ordens de prisão, cancelamento de perfis e retirada de conteúdos.


Tagliaferro relata que tentou encontrar jornalistas e TVs que fizessem a divulgação dos materiais, mas muitos tinham medo por envolver a pessoa mais poderosa do Brasil: Alexandre de Moraes. Mesmo assim, o jornalista Greenwald, da Folha de São Paulo, acabou divulgando o material, que inclusive já foi apresentado em sessão plenária na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.


Aí eu te pergunto: o que aconteceu logo na sequência?


Foi decretada a prisão domiciliar de Jair Messias Bolsonaro, e ninguém mais falou nisso. Na sequência, houve a abertura de uma investigação e inquérito, a pedido de Alexandre de Moraes, com parecer da PGR contra Eduardo Tagliaferro. No pedido, fica claro que as informações divulgadas por Tagliaferro foram tratadas como informações sigilosas, e não como fake news. Ou seja, o ministro acaba dizendo que as informações são reais, mas que não poderiam ser compartilhadas.


Se as informações eram reais e mostram crimes também reais do ministro, por que o STF não abriu uma investigação contra o próprio?


O STF manteve o inquérito aberto contra Eduardo Tagliaferro, que inclusive está exilado fora do Brasil, na Itália, e agora tentam pedir a sua extradição. O mais interessante é a gente lembrar que, nessa circunstância, o STF está punindo o carteiro e não quem escreveu a carta.


Ninguém mais se lembra disso. Afinal de contas, a prisão de Bolsonaro mais uma vez tomou conta dos holofotes. As empresas de mídia não perguntam, não questionam. Jornalistas não fazem o principal, que é noticiar os fatos.


Me parece que algo pode mudar. Algumas redes de televisão já estão noticiando as indicações para a Suprema Corte. A todo momento, mostra-se uma cooptação do Supremo em favor do atual presidente e a anulação do poder legítimo da Câmara e também do Senado, o que torna o Brasil em um estado de exceção. Para mim, uma "Brazuela".


Com uma pitada de psicopatia: afinal, 22 era o número do partido nas eleições em 2022, que recebeu uma multa do próprio Alexandre de Moraes e do TSE de R$ 22 milhões, e, para finalizar, a prisão ocorreu em 22 de novembro de 2025. Seria só coincidência ou planejamento?


Por Helton Barbosa



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