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Aumentos consideráveis para o salário mínimo, mas o poder de compra caiu: a conta que não fecha e que está sufocando o brasileiro

  • Foto do escritor: Fabio Sanches
    Fabio Sanches
  • 19 de nov.
  • 3 min de leitura
Arte criada simbolizando o aumento do salário mínimo de 2025
Arte criada simbolizando o aumento do salário mínimo de 2025

Por Fábio Sanches


Nos últimos quatro anos, a vida do brasileiro mudou de forma silenciosa, mas profunda. Não foi apenas uma mudança econômica — foi uma mudança na rotina, nos hábitos, nas escolhas e até na forma como planejamos o futuro. A “compra do mês”, tradição de muitas famílias, é o exemplo mais claro dessa transformação.


Há poucos anos, uma família média gastava cerca de R$ 800,00 em um grande atacadista para abastecer a despensa por 30 dias. Hoje, essa mesma compra ultrapassa facilmente os R$ 1.500,00. O problema não é apenas o valor absoluto — é a velocidade com que ele dobrou, enquanto a renda do trabalhador ficou para trás.


Sim, o salário mínimo teve aumento expressivo nesse período. De fato, nunca houve um salto tão grande em tão pouco tempo. Mas existe uma verdade incômoda que precisa ser dita: esse aumento não compensou o aumento real do custo de vida, especialmente o peso da alimentação, que teve impacto direto e indireto em toda a cadeia econômica.


Quando a comida sobe, todo o resto sobe junto por conta dos custos com o transporte: transporte urbano, serviços, produtos industrializados. E, enquanto isso acontece, o brasileiro percebe que está trabalhando mais para comprar menos.


A queda invisível do poder de compra

Mesmo com o salário mínimo maior, o poder aquisitivo encolheu. É contraditório, mas é real. A inflação oficial pode até parecer controlada, mas a inflação percebida — aquela que afeta a vida como ela é — pesa muito mais.


A sensação nas ruas é unânime: o dinheiro não rende.


O trabalhador até ganha mais no papel, mas compra menos no mercado, abastece menos no posto, consome menos no comércio, frequenta menos restaurantes e ainda precisa escolher o que cortar do orçamento. A conta que não fecha empurra famílias a um nível de aperto financeiro raramente visto em décadas anteriores. O sonho de comer picanha com mais frequência foi trocado pelo ovo frito e o frango.


Economia local em declínio: o reflexo nas ruas de Campo Grande

Quem caminha hoje pelo centro de Campo Grande-MS encontra um cenário que não faz parte da tradição comercial da cidade: lojas fechando, pontos vagos, placas de “aluga-se” ocupando vitrines que antes eram pulsantes, comércios históricos encerrando atividades depois de anos de resistência.


Esse movimento é consequência direta da perda de poder de compra da população. Quando o dinheiro não sobra, o comércio não gira. E quando o comércio não gira, a cidade enfraquece.


Campo Grande, que sempre teve um centro forte, hoje passa por um esvaziamento gradual. Não por falta de empreendedores — mas por falta de consumidores com fôlego para comprar.


A matemática é simples, mas o impacto é devastador

Se a alimentação subiu de R$ 800 para R$ 1.500, estamos falando de um aumento de praticamente 100%. Nenhum reajuste de salário na última década acompanhou esse salto.


E por mais que tabelas oficiais tentem transmitir estabilidade, o carrinho do supermercado não mente. Não é necessário ser economista para entender o problema: se o custo básico dobra e o salário não dobra, quem paga a conta é o poder de compra.


O resultado é uma economia nacional enfraquecida, famílias com orçamento esgotado, pequenos negócios sufocados e cidades inteiras perdendo dinamismo.


Se não temos poder aquisitivo para adquirir, logo não há venda e se não há venda, não há comércio, não há receita, não há impostos. Talvez seja por isso o gigantesco aumento de impostos ocorrido nos últimos anos. Nada mais é do que o governo tentando compensar a perda de receita que ele mesmo criou.


O cenário pede um debate sério

Não é uma discussão sobre governo A ou B. Não é sobre polarização. É sobre realidade. Sobre economia doméstica. Sobre o que cabe ou não cabe no carrinho do supermercado.


É hora de discutir:

  • políticas de estímulo ao comércio local;

  • desoneração de itens básicos;

  • incentivos à produção regional de alimentos;

  • fortalecimento da renda real;

  • estratégias de redução de custos logísticos.

  • corte de gastos desnecessários do governo


Porque, do jeito que está, o brasileiro está vivendo no limite — e a economia está sentindo cada passo dessa perda de capacidade de consumo.


A verdade é que o país precisa retomar o equilíbrio entre renda e custo de vida. Sem isso, seguiremos convivendo com a sensação de que ganhamos mais, mas vivemos pior.


E essa é uma conta que, cedo ou tarde, todos nós iremos pagar.

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